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Neste 5 de setembro, Dia da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo enfrenta uma ameaça extremamente preocupante. Em 2024, a Amazônia registrou índices recordes de queimadas, colocando em risco a biodiversidade, a vida e a cultura de povos indígenas e comunidades tradicionais.
Se em julho a situação já era crítica (e você deve ter visto ou ouvido falar da nuvem de fumaça que percorreu grande parte do país), agosto foi alarmante: até o dia 27, foram registrados 28.697 focos de queimadas no bioma.
Esse dado representa um aumento de 83% em comparação ao mesmo período em 2023, quando foram registrados 15.710 focos – e está 38% acima da média dos 10 anos anteriores (2014 a 2023). Os números são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em 2024, já são 53.620 focos, um aumento de 80% em relação ao mesmo período em 2023, quando foram registrados 29.826 focos. Esse é o maior número de queimadas registrado entre 1 de janeiro e 27 de agosto desde 2010. Em agosto, mais de 80% das queimadas na Amazônia se concentraram nos estados do Pará (36%), Amazonas (29%) e Mato Grosso (16%).
Estamos apenas no início de setembro, mês em que, historicamente, as queimadas atingem o pico devido à estação seca – o que sugere uma piora iminente deste cenário já desastroso.
A RAIZ DOS PROBLEMAS
As queimadas na Amazônia nesta época resultam de uma combinação devastadora entre o longo período de estiagem e as queimadas provocadas por ação humana direta. A seca, intensificada pelo fenômeno El Niño, tem sido agravada pelas mudanças climáticas, que prolongam o período de estiagem. Quanto mais seca a floresta, mais fácil ela queima.
O desmatamento, mesmo que em redução, não impede o surgimento dos incêndios nem reduz a intensidade deles. O combate às queimadas ainda carece de um plano de prevenção abrangente, e a punição aos responsáveis por incêndios criminosos continua sendo pouco efetiva.
Especialistas defendem uma integração mais eficaz entre governos federais e estaduais na fiscalização das queimadas e um planejamento sistemático do bioma, que inclua o manejo integrado do fogo, a criação de batalhões equipados para o combate aos incêndios e, principalmente, o desmatamento zero.
No entanto, nossa responsabilidade também é grande. Não podemos nos eximir de nosso papel na solução deste problema que afeta não apenas o Brasil, mas o mundo todo.
IMPACTO GLOBAL
As consequências das queimadas na Amazônia não se restringem à região onde ocorrem. As mesmas massas de ar que transportam a umidade do norte ao sul do país, formando os chamados “rios voadores”, também espalharam a fumaça e o calor dos incêndios por grande parte do Brasil.
Esse é o efeito imediato do aumento das queimadas. A médio e longo prazo, à medida que a floresta diminui devido ao desmatamento, ela perde sua capacidade de regular a temperatura, o que influencia diretamente o clima, não só no Brasil, mas em todo o planeta.
Os fenômenos climáticos severos que temos vivenciado não podem mais ser encarados como naturais; eles estão sendo agravados pela ação humana. Muitas das manifestações que os cientistas previam para acontecer em décadas se anteciparam – e 2024 tem sido mais uma evidência clara disso.
Já há quem considere que esses efeitos tão graves não podem mais ser revertidos, apenas mitigados. O Brasil reúne condições de liderar um movimento global de resposta à crise climática. A COP 30, que será realizada em 2025 em Belém, no Pará, representa uma oportunidade inédita para assumirmos esse protagonismo e transformarmos o discurso em prática.
RESPONSABILIDADE COLETIVA
A crise climática é grave, os efeitos têm sido catastróficos, e uma transformação urgente da realidade se faz necessária.
O futuro da Amazônia depende de nossas ações hoje. Informe-se sobre políticas de proteção ambiental, exija ações mais rigorosas dos governos, apoie organizações que atuam na Amazônia e contribua para a preservação deste bioma que protege não só o Brasil, mas o mundo inteiro.
Na Rede Mondó, acreditamos que a educação é um instrumento poderoso para provocar as mudanças que almejamos diante dos desafios impostos pela crise climática. A partir da escola, e da comunidade no entorno dela, é possível quebrar o ciclo da pobreza, promover o desenvolvimento sustentável e preservar o meio ambiente. É cuidar não só da floresta, mas também de quem vive sob as árvores.
SAIBA MAIS
Foto: Jader Souza/AL Roraima
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