O combate à extrema pobreza passa por fazer uma ponte entre a realidade do território e os gestores de políticas públicas e financiadores. E ela será construída por meio dos dados.
Mas para que os dados, de fato, provoquem a transformação desejada, essa ponte precisa ser construída por meio de uma comunicação cuja narrativa, de fato, reflita o que as pessoas vivem em suas comunidades.
Este é, sem dúvida, um dos grandes desafios que se impõem para organizações como a Rede Mondó. Ainda mais quando a falta de acesso à educação é reconhecida mundialmente como um problema que precisa ser resolvido para que qualquer nação possa ser considerada desenvolvida.
A educação é, para a Rede Mondó, o motor do desenvolvimento social, econômico, ambiental e cultural nas comunidades vulneráveis da Amazônia.
Foi com o objetivo de discutir esse – e outros desafios da atuação no território – que a Rede se juntou a dezenas de organizações que participaram, no Rio de Janeiro, no dia 29 de novembro, do evento “O papel da Comunicação no Combate à Pobreza”, uma iniciativa da Vale em parceria com o canal Futura e a Fundação Roberto Marinho.
A entidade foi representada pela Diretora Executiva Caroline Maciel, pela Diretora de Relações Institucionais Júlia Jungmann e pela coordenadora do Núcleo de Integração da Rede Mondó, Glinda Farias.
O encontro contou com a participação de diversos atores sociais e convidados especiais que, juntos, debateram sobre a extrema pobreza no país e como a comunicação é uma ferramenta de combate às questões relacionadas diretamente a ela.
A Vale é uma das parceiras da Rede Mondó no projeto “Combate à Extrema Pobreza”. Por meio dele, executado pela Fundação Vale, a companhia está apoiando ações que resultem na saída de 500 mil pessoas da extrema pobreza nos territórios onde a Vale atua.
ENFRENTAMENTO À POBREZA
Mencionando essa meta, o diretor de Territórios da Vale, Marcelo Klein, explicou que a criação desta área na empresa veio de uma preocupação da companhia as questões relacionadas ao enfrentamento à pobreza das áreas em que atua: “Estamos falando de termos sempre em mente as comunidades centenárias que estavam, muito antes, nas localidades em que chegamos para realizar o nosso trabalho. É preciso compreender e respeitar o território”.
Ele pontuou que o maior desafio da comunicação dessas iniciativas é ter uma narrativa consistente. Mas o processo tem sido um aprendizado porque há uma necessidade de trazer o contexto, ilustrar os aspectos técnicos, entre outras peculiaridades. “O comunicador é o agente que faz a intermediação da relação entre uma grande imprensa e a comunidade que nos recebe”, frisou.
Letícia Verona, consultora de Monitoramento de Dados que contribuiu na elaboração do projeto da Vale, ressaltou a necessidade de uma análise crítica. Ela enfatizou a importância de uma avaliação minuciosa dos índices e cenários fornecidos por pesquisas e estatísticas sobre a extrema pobreza.
Entre os exemplos citados na palestra, a consultora contou a história de D. Maria, marajoara atendida pelo programa, para ilustrar um conceito de pobreza que, segundo ela, pouco se fala: o da falta de liberdade. “Liberdade não é apenas ser permitido, mas ter as condições para fazer. E os pobres não têm condições de fazer o que precisam para ter uma vida digna”, teorizou.
DADOS E INFORMAÇÃO
Especificamente sobre os dados, ao analisar os índices utilizados pela ONU, Banco Mundial e pelo IBGE, Letícia frisou que eles são capazes de unificar a linguagem entre realidades muito distintas. “Essa unificação é um desafio complexo”, ponderou. “O dado é uma ponte entre o território e os financiadores, que pode ser construída através da informação”, completou.
Ao destacar as dimensões do projeto da Vale e os índices utilizados para determinar a atuação da companhia, a consultora lembrou que os povos da floresta estão entre os que mais possuem violações de direitos. Contudo, Letícia destacou que há uma evidente compreensão de que a falta de acesso escolar é uma violação de direito – e isto é um forte impulsionador do trabalho nos territórios vulneráveis.
“Toca meu coração saber que termos crianças fora da escola é considerada uma violação de direito e que é um problema a ser atacado, ou o país não será considerado desenvolvido e rico o suficiente; que não existe riqueza enquanto tivermos crianças fora da escola”, afirmou. Veja o seminário, na íntegra, no player abaixo!
ESTRATÉGIAS E AÇÕES
A agenda de compromissos no Rio de Janeiro prosseguiu para além do seminário. Embasadas com as informações do dia anterior, a Rede Mondó e outras organizações que também integram o projeto de Combate à Extrema Pobreza da Fundação Vale reuniram-se, no dia 30 de Novembro.
Na reunião, elas discutiram estratégias e ações para vencer as dificuldades enfrentadas para a implantação da metodologia “Acompanhamento Familiar Multidimensional (AFM)”, carro-chefe da iniciativa da Vale.
Júlia foi a mediadora de uma das mesas de discussão, que agrupou projetos da área “Florestas”, e fez uma explanação sobre como tem sido a experiência da Rede Mondó nas atividades relacionadas com o projeto da Vale.
LEVANTAMENTO DE DADOS
Segundo Júlia, entre os pontos abordados estavam os desafios enfrentados durante a coleta de dados, etapa inicial das atividades. “Abordamos, por exemplo, como o processo nas comunidades ribeirinhas é mais custoso, uma vez que a distância entre as casas é maior”, pontua.
“Mas também explicamos como esses dados coletados serão valiosos para a experiência no programa, pois eles nos darão a possibilidade de construir um painel de B.I. que nos permitirá acompanhar as visitas às famílias em tempo real, ajudando na eficiência desse processo”, completou.
A parceria entre a Fundação e a Rede Mondó contemplará 350 famílias de Breves (PA). Atualmente, o projeto está na fase dos laboratórios de soluções, processo que é executado em parceria com as famílias beneficiadas.
O Instituto Mondó é feito por pessoas que acreditam na mudança e entendem a importância das demandas sociais e ambientais do presente que impactam no futuro.
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