Racismo Ambiental: um debate urgente no país anfitrião da COP 30
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A região Norte do Brasil, especialmente a Amazônia, ainda carrega uma série de mitos que influenciam a visão popular sobre essa parte do país. Enquanto alguns deles são inspirados pelo folclore (como as lendas do boto cor-de-rosa ou do protetor das florestas, o Curupira), outros refletem estereótipos que distorcem a realidade e perpetuam preconceitos. Um exemplo comum? A imagem de onças e búfalos andando livremente pelas cidades.
Embora seja verdade que a riqueza natural da Amazônia contraste com desafios socioeconômicos sérios, como ocorre no arquipélago do Marajó — o maior do mundo em rios e mares —, essa não é uma característica exclusiva do Norte. Em outras áreas do Brasil também encontramos disparidades sociais, mas isso não gera uma visão caricatural ou desrespeitosa delas.
Com os olhos do mundo voltados para a Amazônia e diante da importância dela para o clima global, já passou da hora de repensar alguns conceitos ultrapassados sobre o cotidiano no Norte. Essa região é, sim, uma extensa floresta, mas também abriga cidades pulsantes, uma economia crescente e uma população ativa que vive como em qualquer outra parte do Brasil. Vamos explorar o Norte real?
No Norte do Brasil, que engloba estados como Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, não é comum encontrar animais como onças ou búfalos nas ruas das cidades — muito menos se deparar com sucuris cruzando o caminho para a escola ou o trabalho. Nas capitais como Belém e Manaus, os animais urbanos mais frequentes são, na verdade, pombos. No Arquipélago do Marajó, que conta com 17 municípios, você até vai se deparar com búfalos no cotidiano de algumas das comunidades (em Soure, por exemplo, eles são utilizados no policiamento da região, uma tradição que dura mais de três décadas), mas não é tão comum quanto se imagina. Como qualquer outra metrópole brasileira, a Amazônia tem vida urbana, com prédios, empresas, e, claro, muita vegetação — mas de maneira única em comparação com outras cidades do país.
Embora a Amazônia seja vasta, isso não significa que seja inacessível. Manaus, por exemplo, possui um dos polos industriais mais dinâmicos do Brasil, e o Pará é uma referência em exportação, contando com infraestrutura portuária estratégica para o comércio exterior. A Zona Franca de Manaus é prova da importância econômica da região. Além disso, a Amazônia recebe grande destaque na pesquisa científica, atraindo especialistas de várias áreas do conhecimento, de todas as partes do mundo. Em 2025, Belém sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-30), trazendo visitantes de centenas de países e desmistificando essa ideia de uma região inacessível.
Mito 3: O Norte é só floresta e riosA Amazônia abriga uma das florestas mais grandiosas do mundo, mas a vida na região Norte é bem mais diversificada. As cidades são ricas em história e cultura, com arquitetura colonial preservada, museus e eventos únicos. Belém, o Pará e o Marajó misturam vegetação exuberante com uma vida urbana dinâmica e um patrimônio cultural vibrante.
Embora a região apresente indicadores sociais que requerem melhorias, esse retrato simplista de abundância natural versus pobreza é incorreto. No Norte, encontram-se iniciativas de desenvolvimento sustentável e indústrias que promovem a economia local e a qualidade de vida. A região não é um mero contraste: é um lugar de desafios complexos que incentivam o desenvolvimento equilibrado e sustentável.
O Arquipélago do Marajó, que é o maior arquipélago fluviomarítmo do planeta, possui uma cultura rica e diversa. Os búfalos são um símbolo icônico, mas o Marajó também abriga uma população dedicada à produção artesanal, gastronomia regional e cerâmica tradicional, com raízes que remontam a culturas pré-coloniais. Além dos ribeirinhos, a ilha é o lar de quilombolas e pescadores artesanais, extrativistas e outros. Marajó é uma fusão de história e natureza que vai além dos estereótipos.
Essa frase é famosa, mas não completamente precisa. Embora ressalte a importância da floresta, o verdadeiro “pulmão do mundo” são os oceanos, que, por meio de organismos como algas, absorvem dióxido de carbono e liberam oxigênio. As plantas da Amazônia, em larga escala, produzem oxigênio, mas o consomem em seu próprio processo de respiração. A função da floresta vai além desse mito: a Amazônia influencia as chuvas no Brasil e ajuda a regular a temperatura global. A preservação dela é vital no combate às mudanças climáticas, cujos fenômenos têm causado desastres e comoção em várias partes do Brasil e do mundo.
E agora, que tal ver o Norte do Brasil sob uma nova perspectiva?
Foto do destaque: Raphael Luz/ Agência Pará
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