Racismo Ambiental: um debate urgente no país anfitrião da COP 30
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Falar de povos e comunidades tradicionais do Brasil ainda é um desafio, mas também é de extrema importância entender que essas definições vão além dos indígenas e quilombolas.
Compreender a complexidade desse tema é imprescindível para tocar em questões como territorialidade, sustentabilidade e direitos humanos. Para isso, saber aspectos da legislação e, sobretudo, diferenciá-los, é o principal caminho para fomentar qualquer discussão.
Atualmente, além dos indígenas, que são os povos originários brasileiros, e dos quilombolas, cuja origem remonta às comunidades formadas por negros que fugiam da escravidão, há outros 26 povos e comunidades reconhecidos no país.
Nessa lista estão: Andirobeiras, Apanhadores de Sempre-vivas, Caatingueiros, Catadores de Mangaba, Extrativistas, Ribeirinhos, Caiçaras, Ciganos, Povos de terreiros, Cipozeiros, Castanheiras, Faxinalenses, Fundo e Fecho de Pasto, Geraizeiros, Ilhéus, Isqueiros, Morroquianos, Pantaneiros, Pescadores Artesanais, Piaçaveiros, Pomeranos, Quebradeiras de Coco Babaçu, Retireiros, Seringueiros, Vazanteiros e Veredeiros.
De todos eles, cinco estão no Arquipélago do Marajó, distribuídos por diversas áreas do território. Preparamos uma lista para que você conheça um pouco de cada um deles. Confira:
Quilombolas são pessoas que têm algum parentesco com ex-escravos e que ainda hoje preservam suas tradições. Essa definição vem de “quilombo”, comunidades tradicionais remanescentes do povo escravizado. Os quilombolas são símbolos de resistência a diferentes formas de dominação e mantêm forte ligação com a história e trajetória, preservando costumes e cultura trazidos por seus antepassados. No Marajó, são conhecidas as comunidades quilombolas de São José da Povoação Mutuacá, no município de Curralinho; Cipoal, no Rio Pacajá, município de Portel; Bacá do Ipuxuna, no Município de Gurupá e Deus Ajude, no município de Salvaterra.
A presença indígena na região marajoara remonta a cerca de 3.500 anos, bem antes da chegada dos europeus. Na época da chegada dos portugueses, a tribo Aruã ocupava o arquipélago, com aldeias nas atuais cidades de Chaves e Soure. Os indígenas conheciam a cultura da mandioca, frutas nativas, plantas medicinais, caça e pesca, corantes e oleaginosas. A tribo interagia com portugueses, ingleses, holandeses, franceses, negros, mestiços e outros indígenas.
Registros históricos indicam também que os índios Mapuá se deslocaram do Amapá para a Ilha de Marajó em 1610, unindo-se a outros grupos como os Aruã e Anajá. Em 1635, os Mapuá ordenaram o fechamento das fronteiras dos rios do Marajó, resistindo bravamente aos portugueses e outras tribos. Eles eram conhecidos pelo dialeto, costumes, porte físico e coragem em combate, preferindo lutar até a morte a se render.
Na região Oeste da ilha, viviam os índios Anajás, catequizados pelos jesuítas, banhados pelo Rio Anajás. O nome Anajás surgiu da junção do nome da tribo com o fruto inajá, abundante na área. Há registros de um cemitério indígena no rio Mocoões e uma localidade chamada Barro Preto, onde ainda vivem índios que nunca foram à cidade.
Os povos ribeirinhos no Arquipélago do Marajó se organizam em vilas ou comunidades rurais. O modo de vida dessas comunidades reflete a simbiose entre humanos e rios: o transporte principal é fluvial, utilizando barcos, cascos e rabetas. A cultura ribeirinha amazônica envolve exploração de madeira em áreas alagadas e colheita de açaí para demanda local e sobrevivência, além de pesca e manejo de açaí, mandioca e macaxeira. Na comunidade de São Pedro do Rio Pararijós, município de Breves (PA), vivem cerca de 40 famílias desde 1970. Elas sobrevivem do manejo do açaí, agricultura familiar, caça e pesca. A comunidade tem acesso tanto fluvial quanto terrestre (por meio da estrada PA-159).
Pescador artesanal é o indivíduo que tira da pesca a sua subsistência e da família, utilizando ferramentas adequadas ao meio, como malhadeira, espinhel, linha de mão e caniço, além de conhecimentos repassados entre os pescadores ao longo do tempo. Entre as comunidades de pescadores artesanais do Marajó, destaca-se Monsarás, nas proximidades de Salvaterra. Nessa comunidade, a pesca é praticada durante todo o ano, praticamente todos os dias, por várias horas. Existem pescadores que exercem essa atividade há mais de vinte anos.
O que você também precisa saber é que essas comunidades são parte fundamental da história, da identidade e da cultura brasileiras. Reconhecer e valorizar a diversidade e a identidade desses povos, é uma ferramenta importante para garantir seus direitos territoriais e promover políticas públicas, uma vez que essas comunidades estão em locais sob ameaça de desmatamento e exploração ilegal das florestas, dos animais e da água.
Protegê-los, portanto, é garantir a preservação cultural, a biodiversidade, a sustentabilidade e é uma questão de justiça e reparação histórica.
Foto: Tânia Rego/ Ag. Brasil
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